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Não quero que me dês um anel, quero que me dês amor

Por isso, não me dês um anel. Dá-me amor, que eu te dou amor. Isso é só o que temos. E é tudo o que precisamos…

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É engraçado: relacionamentos são tão frágeis e tão subtis que as pessoas ficam desesperadamente à busca de formas para torná-los mais palpáveis. Porque se observarmos a fundo, os relacionamentos não existem.

O que faz um casal ser um casal é somente a vontade de ambas as partes de estarem juntos. Em cada novo dia, mesmo sem notar, os dois fazem uma decisão mental do tipo: “ok, vale a pena ficar por aqui por mais um dia.” E assim, numa sucessão de dias, cria-se um relacionamento.

Procura bem – onde mora o teu relacionamento? É possível pegá-lo? Apalpá-lo? O teu relacionamento existe apenas porque tu e o outro decidiram ficar na companhia um do outro por mais um dia. Existe apenas na mente de vocês os dois e nas histórias que vocês contam para que outras pessoas também vos vejam como casal.

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Relacionamentos são bolhas imaginárias criadas pela nossa imaginação. Inventamos histórias, fazemos promessas, criamos um futuro em cima de algo que não existe.

Essa constatação é tão chocante, que as pessoas ficam numa procura exaustiva de formas para transformar essa relação que vive na nuvem em algo mais concreto. Por exemplo, quando encontro duas pessoas na rua, não posso dizer se elas são um casal. Onde reside a relação deles? Em que lugar do espaço? A relação só existe na mente das duas pessoas envolvidas. Por isso, há a necessidade de dar nomes à relação, colocar algemas de brilhante nos dedos, pedir em noivado, casamento, e assim por diante. Rótulos para algo que não existe, senão na mente dos envolvidos. Senão na vontade de ambos de ficarem mais um dia juntos.

Exactamente por isso, nenhuma tentativa de transformar um relacionamento em algo concreto vai funcionar. Sinto muito em dizer que não vai dar certo.

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Essa necessidade de dar forma a algo subtil, é um sinal de insegurança de ambas as partes. É como se vocês afirmassem: “Nosso amor não basta. Precisamos oficializar. Precisamos dar nomes. Assinar contratos. Fazer uma grande festa para que ninguém tenha dúvidas (e nem a gente) de que essa relação é real.” Tudo numa tentativa desesperada de segurar algo que deveria ser somente fluxo. E muitas vezes de tanto querer apertar a relação para garantir que ela não desapareça, o laço vira nó.

Ironicamente, todo o esforço feito para criar um relacionamento “sólido” e palpável, pode ser o responsável por causar um sufocamento na relação.

Não me leves a mal. Nada contra alianças ou festas de casamento. Isso tudo pode ser divertido. A nossa vida é uma grande peça de teatro, e nós podemos brincar de personagens, inventar relações muito sérias, colocar adereços. Tudo o que acharmos divertido. O que não se pode esquecer, no entanto, é que tudo isso são apenas enfeites. Não é a essência. Um contrato assinado em cartório não vai deixar a vossa relação mais forte. Nem uma grande festa. Nem um pedido de noivado. Nada disso sustenta uma relação.

Então se quiseres brincar de toda essa fantasia, brinca. Mas não te esqueças do principal – esforçares-te cada dia para fazer esse relacionamento valer a pena. Dar motivos para que o outro queira ficar por livre e espontânea vontade, e que tu também queiras ficar porque te sentes feliz, e não porque um anel no teu dedo mostra que vocês são comprometidos.

Viver cada dia do relacionamento como se ele fosse o último. Como se fosse a sua última chance de estar com a pessoa que amas. Porque, honestamente, cada dia pode mesmo ser o último. Pessoas são livres para ir e vir. Ainda bem. Ter consciência de que o outro pode partir a qualquer momento (mesmo com contratos assinados), é o que nos faz sermos pessoas melhores e parceiros melhores. Mais confiantes. Mais lúcidos. Mais maduros.

Por isso, não me dês um anel. Dá-me amor, que eu te dou amor. Isso é só o que temos. E é tudo o que precisamos.

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