Televisão
Isabel Figueira emociona-se a falar de violência doméstica
“Como é que as pessoas conseguem viver vidas assim?!”
Na nova série da TVI, “Amar depois de Amar”, Isabel Figueira interpreta uma mulher que sofreu de violência doméstica.
Em dia de apresentação da série, a actriz confessou que foi “um papel cansativo” e emocionalmente desgastante.
Ao interpretar uma personagem com uma carga dramática tão intensa, a actriz, de 38 anos, acabou por contar, emocionada, que conheceu um caso de violência doméstica, muito próximo de si, na vida real.
De resto, confessa que se inspirou nesse caso real para melhor desempenhar o seu papel: “Infelizmente descobri que tinha uma amiga que tinha vivido… Quando falei em grupo que ia fazer esta personagem, ela disse-me: ‘Olha, eu, a minha irmã e a minha mãe sofremos’ e contou-me a história dela, difícil…», confidenciou em declarações à revista VIP.”
“Digo isto emocionada, porque nós vivemos todos os dias, isto já existe há anos, não é só de agora… Aquilo que eu posso dizer é que isto está na esquina, está muito perto de nós, muitas vezes, não temos essa atenção, e isto tornou-me muito mais atenta e muito mais perspicaz, noutras coisas, porque, violência doméstica – e volto a frisar –, não é física, o chamar estúpida, o ‘és uma cabra’, isto é violência doméstica… um empurrãozinho… é das mais variadas formas”, defende, indignada.
Neste seu regresso à representação, Isabel Figueira desvendou um pouco do que é a sua personagem, Luísa: “Tem 40 anos, portanto é um bocadinho mais velha do que eu, pouco, é de Montemor, é alentejana, e sofreu, no passado, 15 anos de violência doméstica, logo desde o primeiro dia do casamento”, começa por contar. E acrescenta: “Ela, entretanto, consegue fugir, com o filho, quando ele começa a bater no filho, porque tem problemas graves de álcool. Consegue fazer queixa dele na polícia e fica num abrigo até ele ser condenado.”
A interpretação de uma personagem com tanto peso emocional levou Isabel Figueira a sentir uma responsabilidade acrescida: “Às vezes, tens de fazer coisas que não concordas muito. E sendo uma personagem tão diferente de mim, que sou uma mulher com força, lutadora, vida para a frente, gosto muito de mim…”, diz.
Para além do caso da amiga, a actriz conta que falou com outras mulheres vitimas de violência doméstica: “Nem o primeiro estalo, nem nada. Para mim, foi muito difícil a personagem, porque fiz uma pesquisa exaustiva, portanto, falei com muitas mulheres, para perceber qual era a linha que as liga, porque ser vítima de dois anos, três anos, dez anos ou quinze anos… Fisicamente ou psicologicamente, porque a violência doméstica é das mais variadas formas.”
A atriz acaba mesmo por partilhar o quão fundamental era perceber que traços as vítimas de violência doméstica têm em comum. “Há uma linha que é delas e eu tinha de agarrar essa linha, porque eu não percebo essa linha ou não percebia. Hoje em dia, percebo. E foi muito difícil e foi triste, fui para casa a pensar como é as pessoas conseguem viver vidas assim? Eu, como Isabel, que sou uma mulher feliz, que nos momentos mais difíceis da minha vida sempre arregacei as mangas e lutei, como é que se perde este amor próprio? Eu tive de perder este amor próprio na personagem.”
A actriz admite que nem sempre é fácil lidar com as emoções desta personagem. Mas já tem a estratégia para fazer face aos dias mais complicados: “Agarramo-nos aos filhos, dá-se muito amor e passamos a vida a ser mimada pelas amigas. Se eu já dava abraços e beijinhos, estou ainda mais mimosa do que estava”, declara.
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