Nininho Vaz Maia sobre tradições da etnia cigana: “Não imagino a minha filha a casar aos 14 anos…”

Esta sexta-feira, dia 2 de julho, Manuel Luís Goucha recebeu o cantor Nininho Vaz Maia para uma conversa intimista sobre a carreira e a etnia cigana: “Para mim é ser uma pessoa completamente igual a qualquer outra…“, começou por afirmar.

“Só depois de começar a cantar é que comecei a perceber que era um bocado diferente. Tinha algumas [portas] fechadas. A mim não me mandam para baixo, mandam-me para cima. Não me posso queixar, sou um privilegiado. O meu estilo musical fez mudar muita mentalidade e quando digo que sou um privilegiado, sou porque tenho o carinho de toda a gente. A mim vêm-me como cigano, mas com orgulho“, acrescentou.

“Somos uma etnia, uma cultura fechada e vai por aí… Somos das culturas mais fechadas e leva o seu tempo“, explica o cantor, que refere sentir que as coisas estão a mudar a este nível.

A dada altura, Nininho comentou algumas das tradições da etnia, como os casamentos prometidos: “Estarmos prometidos é uma tradição e acho que até é bonito. E não se casa sem gostar. Tenho muitos primos que foram prometidos e ainda estavam na barriga da mãe. Mas é uma tradição, é nosso. Com 10, 11, a idade que for, é só perceber o que é amor e o que é gostar de alguém, uma rapariga vai se perceber gosta do noivo, se não gosta, não casa“, assegura.

Ao falar sobre os seus filhos, o cantor revela: “Quero que os meus filhos sejam felizes, independentes. E vão ter essa educação de saber escolher quem querem“.

Ao comentar as tradições da etnia, Nininho Vaz Maia confirma que não concorda com todas elas: “Claro que não [concordo com algumas tradições]. Tenho filha, não imagino a minha filha a casar aos 14 anos. Não quero que vejam isso como uma crítica ou que somos nós que fazemos isso às nossas filhas. [Casar] é por livre vontade delas, já vem da educação…“.

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