Júlia Pinheiro recorda momento constrangedor: “Nesse dia, senti-me tão enganada, mas tão enganada…”

Júlia Pinheiro foi uma “frente ativa” na militância pela despenalização do aborto, em 1998.

Em entrevista ao site da SIC Mulher, a apresentadora do programa das tardes recordou um momento de “muito constrangimento”.

Júlia Pinheiro começou por explicar: “Quando foi a despenalização do aborto, envolvi-me muito na campanha. Militei. Andei a recolher depoimentos (…) Foi em frente à Assembleia da República numa manifestação, no dia da votação. Fizeram-se duas barricadas, de um lado estava eu com a Rita Blanco, a Inês de Medeiros, a Margarita Pinto Correia e do outro lado”.

“Aquilo passa (o projeto de lei do PS) e vi a Odete Santos caída no chão, tão emocionada que desmaiou. Foi de facto, épico. Eu entrei no táxi, peguei no telefone, liguei para o meu marido e disse-lhe ‘isto vale a pena, a cidadania! Vamos mudar o mundo. A lei passou” – confessou.

Contudo, e conforme o marido lhe teria alertado, a lei foi a referendo e “tombou”: “E nesse dia, senti-me tão enganada, mas tão enganada, que nunca mais militei coisa nenhuma. Foi a única e derradeira vez”.