Ex-agente de Maria Lisboa recorda “terror” e reage à condenação da cantora: “Esperei anos por isto…”

Júlia Pinheiro recebeu Cristina Paiva, ex-agente de Maria Lisboa, no programa ‘Júlia’, da SIC, desta terça-feira, 20 de maio, para uma conversa sobre a condenação da cantora a uma pena de três anos e meio de pena suspensa pela prática de um crime de furto qualificado.

Visivelmente emocionada, Cristina começou por contar que conheceu Maria Lisboa quando tinha 16 anos, numa altura em que era bailarina. A cantora saiu em sua defesa num desentendimento com um coreógrafo e Cristina pensou que tinha uma pessoa em quem confiar. Começaram a sair juntas, mas rapidamente chegou à conclusão que não conseguia acompanhar o estilo de vida e boémio da cantora e afastou-se.

“Muitos anos mais tarde“, Maria Lisboa surge na Suíça e aproxima-se de Cristina “desfeita em lágrimas” e “a falar muito mal do namorado, que tomava conta da carreira dela e investia imenso dinheiro na carreira“. Era o agente dela “na época” e pediu “ajuda” a Cristina, já empresária, que acabou por aceder e recebê-la na sua agência, apesar de não estar a receber cantores de música popular portuguesa.

De imediato, Cristina impôs que o namorado de Maria, que a cantora queria que fosse retirado, continuasse porque “tinha metido muito dinheiro na carreira dela“. No momento da assinatura do contrato, Cristina Paiva definiu um acordo em que a cantora dava-lhe “20%” do que recebia: “Na altura, ela ganhava 1.000€ e 20% de 1.000€ são 200€. Na altura não lhe expliquei, porque entendi que ela sabia que, quando o cachê subisse, 20% [era para a agente]. Só depois mais tarde é que percebi, quando ela descobre que o cachê está mais alto, e já não é 200€, que fica muito revoltada e a achar que lhe estou a tirar uma comissão maior“.

A relação evoluiu para uma amizade pessoal, mas as coisas complicaram-se quando Cristina soube, por outras pessoas, que Maria Lisboa “falava muito mal” de si. A ex-agente acrescentou que o namorado de Maria Lisboa “era tão maltratado” pela cantora e que havia violência “verbal e física“. O desentendimento entre o casal foi para tribunal e Maria pediu que Cristina fosse testemunha dela “a dizer o contrário” daquilo que aconteceu e também que “era vítima de maus-tratos“. Neste ponto, a ex-agente recorda que Maria Lisboa “não tinha nada” quando começou a trabalhar consigo.

Neste período, Cristina também foi abordada pelo namorado da cantora e acabou por testemunhar contra Maria Lisboa. A partir daí, começa o conflito e a cantora, em 2019, avança para a rescisão do contrato, mas coloca várias complicações em cima da mesa: “Ela recusa-se [a pagar a rescisão de 50.000€]: começou por dizer que não assinou o contrato, eu disse-lhe que tinha a minha cópia assinada, ela queria o contrato e eu não lhe dei porque ela tinha um. E eu disse-lhe: “Se tu falhares comigo, e não me deres o que eu investi em ti, eu vou para tribunal”. Mas ela não aceitava de maneira nenhuma“.

Uma vez que não chegaram a um acordo, Cristina relata: “A seguir, ela faz a tour de verão, eu tenho-a vendida para o verão seguinte, com imensas datas, depois quando eu rescindi com ela, eles cancelaram tudo, ela deixou de ter palcos. Antes da pandemia, ela queria sair a tudo o custo e disseram-lhe que eu tinha o contrato em casa. Porque ela ia à empresa, ela partia-me os móveis, metia-se lá aos pontapés, agredia a empregada, falava mal com ela“.

Maria Lisboa queria o documento que estava na posse da ex-agente, embora tivesse uma cópia consigo. Como estava na sua casa, Cristina é surpreendida, em março de 2020, com a respetiva vandalização do local onde vive. “Estava a ir para o Porto” e encontrou “graffitis nas paredes [com mensagens como “Pu*a” e “Ladra” escritas], lixívia na cama, o frigorifico grafitado e desligado, as garrafas de vinho despejadas nos televisores, as gavetas dos armários partidas, o cofre que tinha vazio estava lá no chão“. Também foi colocado “spray” nos seus gatos.

Como se isto não fosse suficiente, também roubaram duas pen’s com “fotos íntimas” e que “foram divulgadas“, pouco tempo depois do assalto, nas empresas em que trabalhava, com frases como: “Vemo-nos em tribunal” ou “O teu fim”. Na mesma altura, Cristina foi “atacada” na sua garagem por um homem que lhe tapou a boca, com o intuito de retirar a queixa, e com ameaças de que a sua filha seria a próxima a sofrer: “Deu-me um soco na cabeça, levei um ponto“.

Depois destes episódios, os vizinhos identificaram Maria Lisboa como tendo sido a autora e o caso seguiu para tribunal, do qual resultou a condenação no passado dia 5 de maio. Contudo, apenas o crime de furto qualificado foi provado: “Eu acho que foi também o tempo, isto demorou muito tempo no Ministério Público. Foi a pandemia, que parou o tribunal, foi o Ministério Público, os gatos depois passou [os gatos acabaram por morrer], ela não foi acusada pelo que fez aos animais“, justifica Cristina.

A ex-agente de Maria Lisboa também reage à condenação do tribunal: “Faz-me sentir melhor, porque eu esperei anos por isto. Caso contrário eu estava a mercê de alguém que me viesse fazer mal. Se ela não fosse punida, a qualquer momento me podiam fazer mal. Porque ela achava que podia fazer tudo“.

Cristina Paiva tentou reaver o dinheiro que investiu na cantora, mas também conta que foi alvo de tentativa de agressão no tribunal: “Não tinha conseguido ganhar aquilo porque, na entrada do tribunal, ela tentou-me bater e eu entrei muito nervosa, nem consegui falar nada. Foram as fãs dela, que estavam do meu lado, que não deixaram ela bater-me, mas ela tentou bater-me dentro do próprio tribunal“.

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