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Capa da Vogue Portugal gera polémica nas redes sociais
Nas redes sociais gerou-se uma onda de duras críticas a esta edição da Vogue Portugal que, aborda o tema das doenças mentais. A directora da revista e o director criativo reagem.
As quatro capas da edição de Julho e Agosto da revista Vogue Portugal, que sai para as bancas no próximo dia 10, já foram divulgadas. As doenças mentais, num contexto de pandemia global e isolamento social, são o foco principal desta edição e a palavra “madness” (loucura) está estampada nas quatro capas.
Entre as várias opções de capas que a revista oferece aos leitores nesta edição, há uma em particular que está a incendiar as redes sociais com duras críticas à Vogue Portugal – aquela em que a modelo Simona Kirchnerova está dentro de uma banheira, a ser cuidada por duas enfermeiras.
O The Guardian citou algumas opiniões das vozes mais criticas que, consideram que a Vogue Portugal está a “glamourizar as doenças mentais” e que este problema não deveria ser tratado com tanta leveza ou por uma revista de moda.
Numa explicação, através do Instagram, que a Vogue portuguesa fez questão de dar, Rita Ferro Rodrigues considerou a capa “lamentável e de mau gosto”, fundamentando que esta “estigmatiza a doença mental”. Sara Sampaio partilha da mesma opinião e não hesitou em comentar a publicação da Vogue: “É por capas destas que muita gente ainda tem vergonha de pedir ajuda psicológica”.
Em declarações ao jornal PÚBLICO, Sofia Lucas, directora da Vogue Portugal, respondeu às críticas. “Trata-se de um julgamento precipitado porque as capas são polémicas mas ainda ninguém leu os temas. Abordamos temas importantes”, explicou, referindo que as pessoas tendem “a julgar o livro pela capa”. Salienta que o comentário de Sara Sampaio, com mais de 3000 gostos, terá “despoletado o rastilho” para esta onda de críticas.
“É normal as pessoas reagirem. Ironicamente, um dos temas da revista é também sobre os comportamentos nas redes sociais”, apontou José Santana, o director criativo da revista. Sofia Lucas acrescentou que a “loucura tomou conta de nós”, que “a raiva e o ódio que são visíveis nas redes sociais são aumentados ao extremo”, uma das razões, defendeu, foi a limitação da liberdade dos cidadãos devido ao confinamento, causado pela COVID-19.
José Santana destacou ainda que a capa não é ofensiva. Aliás, a personagem principal está a ser cuidada por duas enfermeiras que, são a mãe e a avó da modelo — como a própria explica no Instagram – mostrando orgulho por esta imagem, captada num hospital psiquiátrico em Bratislava. Contudo, citando o artigo do PÚBLICO, “se a imagem parece sombria é porque o assunto o é“, tentaram explicar os directores da Vogue Portugal num comunicado redigido ao The Guardian.
“Trazer um assunto como este para a discussão nunca pode ser feito de maneira leve, porque o assunto em si não é leve. Sabíamos que esse seria um tópico que não geraria consenso, e estávamos cientes disso”, destacou Sofia Lucas. José Santana lamenta ainda: “Como director criativo preocupa-me a liberdade artística ser atacada, porque parece que não se pode tocar em nenhum assunto”.
Porém, se há quem critique, também existe um grande número de pessoas que entendem a visão da Vogue Portugal. O número de gente que elogia a revista ter trazido este tema ‘à tona’, é maior do que aquele que crítica, garante a directora da versão portuguesa da Vogue.
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