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O amor, é uma merda necessária

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O amor, é uma merda necessária
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Surpreende-me quem vê o amor só como uma merda, ou só como necessária. O amor é um misto de vontades, dúvidas, às vezes uma ponta de rancor e outras um desejo incontrolável. O amor consegue ser tudo de uma só vez e nada de repente. Não entendes? Eu falo-te um pouco sobre o amor então…

Já te aconteceu pegares no carro e conduzires até ao destino, sem te lembrares do caminho que percorreste? Imaginares-te num paraíso do outro lado do mundo a beber um Mojito à beira do Atlântico, com aquele amor que te parece ser eternamente platónico. Pelo meio, invertes a viagem e já estás num Inter-rail pelos países de leste a criar memórias para o resto da tua vida. Quando dás por ti, acabas de estacionar o carro e chegaste ao teu destino. Sabias que nestes momentos estás em num estado de transe?

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É isso o amor.

O amor, a ser vivido na sua plenitude, é um verdadeiro estado de transe. Vives intensamente a vida e tudo te parece fazer sentido. Perdes tempo a olhar para a formiga que passa no chão e perguntas-te onde é que ela vai parar. Observas aquele casal de idosos em que ela o trata carinhosamente por ‘maridinho’ e pergunta repetidamente, ao fim de 50 anos juntos, se ele está bem (querendo realmente saber a resposta) e questionas-te como é que um dia, um vai conseguir sobreviver com a perda do outro. Deitas-te na tua cama e sonhas com tudo o que tens direito, até caíres de um penhasco e acordares desse pesadelo. Esta é a fase em que te magoam e o teu estado de transe acaba. Juntamente com o teu mundo. E contigo.

A partir daqui a viagem é solitária. Vai apetecer-te desprezar todo o mundo e vais invejar a felicidade dos outros. Aquela que tinhas há uns meses atrás. Vais perguntar-te quando é que este pesadelo vai acabar, vais trabalhar a contar os minutos para poderes chegar a casa e chorar sem que ninguém te pergunte o que se passa ou se pode ajudar. Tão boas pessoas e tão irritantes ao mesmo tempo. Não queres tratar mal ninguém porque, apesar de tudo, consegues ter o discernimento necessário para te lembrares que ninguém tem culpa da tua vida fracassada. Depois de mandares toda a gente à merda, acalmas-te. A tua vida recomeça aos poucos. Melhoras hábitos e nos primeiros tempos finges que te dedicas a ti e que estás melhor que nunca sozinha. Adoras a tua liberdade e gritas ao mundo que assim é que estás bem. Até que se torna verdade. Começas a ficar boa nisto.

Quando percebes que é exequível fazeres esta viagem pela vida sozinha, aparece alguém que te prova que estavas redondamente enganada e que pode até deixar-te frustrada por não conseguires evitar este estado de transe novamente. Como acontece naquela dieta tão bem sucedida, interrompida pelo chocolate que te veio parar às mãos sem saberes como.

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Deixas-te ir. Lembras-te que és, acima de tudo, Mulher, e que tens todo o direito de fazer amor com a confiança de que é de facto isso: amor. Tens o direito a quebrar regras e a sentir-te bem com isso.

Estás novamente em transe.

Esperas ansiosamente pela chegada dele e o teu coração acelera quando o telefone toca. Aliás, o teu coração acelera. Ponto. Acelera desde o momento em que ele apareceu. E agora deixas-te ir, porque sabes que mereces que te olhem nos olhos e te agarrem com um toque diferente, familiar. Queres discutir construtivamente sabendo que a qualquer momento estás a fazer as pazes e fazer as pazes sem ter medo da próxima discórdia. Porque ele é finalmente Teu. E quem fica ofendido com este termo por parecer demasiado possessivo é porque nunca esteve neste estado de transe. O amor tem um tanto ou quanto de posse, uma vontade saudável que o outro seja nosso, continuando a respeitá-lo como o ser individual e maravilhoso que é.

Nesta fase elevas a fasquia. Esperas pelo pequeno almoço na cama com uma rosa e um guardanapo a pedir desculpas e sabes que o beijo de bom dia não vai demorar muito. Esperas fazer com ele aquela viagem e que ele te pergunte se queres ficar à janela no avião, nas horas que se seguem. Esperas que ele se lembre que não gostas de jóias caras e que não vá pelo caminho mais fácil. Gostas de mimos e tudo o que seja personalizado, por isso, se ele te oferecer uma tela e tintas para explorares a tua criatividade que tanto conservas, está perfeito.

Nesta fase, continuas em transe. A tua História pode até voltar ao início naquela analogia que fiz com o acordar de um pesadelo. Vai repetir-se tudo outra vez como num circulo vicioso, no entanto, agora conheces-te como ninguém e guardas memórias tão tuas quanto os teus pensamentos: ninguém os sabe, ninguém tos tira.

Seja de que forma for, ou como acabares os teus dias, o amor é uma merda necessária para estados breves e tão bons de insanidade mental. Que eu tanto preciso.

Escrito por: Marta Castelo Branco

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